sábado, 3 de dezembro de 2011

"Atenção Plena" nas Escolas

Eu adoraria ter uma palavra no nosso idioma capaz de traduzir mais corretamente e de forma mais bonita a palavra em inglês "mindfulness". Na falta de forma melhor, acabamos deixando assim: atenção plena.  

Mas podemos descrever melhor o sentido dessa expressão, emprestando a definição de John Kabat-Zinn:

"consciência que emerge por prestar atenção propositalmente, no momento presente, sem julgamentos, aos desdobramentos das experiências momento a momento"

De forma geral, quando falamos em meditação para crianças na verdade estamos falando de "atenção plena".

Estas práticas buscam criar um espaço para que as reações impulsivas se tornem mais conscientes:


As crianças podem se beneficiar de diversas maneiras:
  • melhor foco e concentração
  • maior senso de calma
  • diminuição do estresse e ansiedade
  • mais controle sobre reações impulsivas
  • maior auto-consciência
  • mais habilidade em responder a emoções difíceis
  • maior empatia e compreensão com relação aos outros
  • desenvolvimento natural de habilidades para a resolução de conflitos

Que tal? Parece muito simples e é! As crianças curtem esse espaço de tranquilidade quando ele é oferecido. Mas o ponto é que os professores e os pais também precisariam saber produzir esse espaço para eles próprios: "as crianças aprendem pelas costas".

De qualquer forma, o objetivo deste post é servir de inspiração, reunindo vídeos que mostram a aplicação de técnicas simples em salas de aula.

Neste vídeo do programa "Mindful Schools", por exemplo, logo no início apresenta a técnica do sino .


E em seguida, o professor pergunta como as crianças se sentiram. A garotinha disse ter tido a sensação de "a mãe estar cozinhando" e que se sentiu feliz. Me lembrou de uma vez em que eu estava aplicando uma técnica simples também de atenção à respiração a um grupo de criancas de 8-10 anos, e um garotinho disse: "- ai vontade de comer um pãozinho quente!", como que desejando aconchego. É lindo de ver como a criança facilmente entra em contato com as suas sensações.

Outra técnica apresentada nesse vídeo é de comer uvas passas com atenção plena. E claro que isso pode ser feito com qualquer alimento e as crianças se divertem muito.

Experimente com biscoitos de texturas diferentes, sucos de frutas diferentes e convide as crianças para um lanchinho com atenção plena.

Neste outro vídeo da Fundação Inner Kids, podemos ver outras formas de praticar com as crianças, com foco na respiração.





Poderíamos oferecer essas práticas às nossas crianças, não é mesmo? Poderíamos oferecer esses espaços de tranquilidade a nós mesmos também.

Se você gostou, aqui tem mais:

 http://www.mindfulschools.org/

 http://www.youtube.com/user/mindfulnesstogether



terça-feira, 7 de junho de 2011

O caminho da energia

Existem muitas formas de explicar a meditação, não é mesmo? Vários mestres nos oferecem imagens úteis e lindas. Meu mestre, o Lama Samten, nos diz que a meditação nos permite compreender que todas os pensamentos, emoções, identidades que contruímos... são como ondas mas que nós somos mesmo é o mar! Quando nos damos esse tempo de sentar em silêncio e observar o que se passa na nossa mente, podemos observar essas ondas se formando e estourando na praia. E sem rolar junto com a onda sem querer. Daí, aos poucos levamos essa experiência para qualquer lugar. Podemos começar a perceber que o que realmente nos move não é o pensamento discursivo, o que achamos ou deixamos de achar... o que nos move mesmo é a nossa energia, que às vezes quer ir pra um lado enquanto as nossas idéias perfeitas querem ir pra outro. Quando isso acontece, começamos a nos "entortar", como diz o Lama. A nossa saúde em diversos níveis dependem de um certo alinhamento entre energia, corpo e mente. É muito útil perceber essa coisa toda!

E o quê isso tem a ver com as crianças? Nas crianças a energia corre solta! Observe! A criança inteira acompanha a propria energia se movendo. É lindo de ver! O Lama conta uma história do próprio filhinho - o Henrique - que um dia estava berrando porque não queria tomar banho ou alguma coisa assim. Se alguém começasse a explicar que era preciso tomar banho, que o corpo precisa ser limpo ou alguma outra história qualquer, o berreiro certamente seguiria! A experiência dele ainda seria de ver sua energia forçada a se mover numa direção que ele não queria! A criança abre o berreiro - a gente quase nunca faz isso tão claramente... Daí, o quê o Lama fez? Ele disse: "o passarinho subiu no telhado". Parece sem sentido pra você? Pois pro Henrique não pareceu! A energia dele encontrou um outro caminho pra fluir, sem nenhuma explicação causal! Na sequência o banho foi indolor...
Compreender essa linguagem energética é muito importante porque está na base de qualquer processo cognitivo, quer a gente se dê conta ou não.
Ensinar a criança a direcionar a própria energia sem trancamentos para uma direção positiva é um ato de verdadeira compaixão.